sexta-feira, 6 de agosto de 2010

DISCURSO SOBRE A CULTURA E SOCIEDADE BRASILEIRA - DO MUNDO DA CIÊNCIA AO MUNDO DA VIDA

CULTURA E SOCIEDADE BRASILEIRA - DO MUNDO DA CIÊNCIA AO MUNDO DA VIDA



DIMENSÃO SOCIAL E CULTURAL SURGE OUTRA DIMENSÃO: A DIDÁTICA



PREZADO COORDENADOR:







Talvez ainda não tenhamos tomado consciência do abismo que tende a separar cada vez mais o mundo da ciência do mundo da vida e da sociedade. O cientista não deverá esquecer que o mundo da ciência não só pressupõe o mundo da vida, mas emerge dele. e para que fazer ciência, senão a serviço do homem? Ora, o mundo da vida sempre é mais amplo, mais rico e complexo que o refletido pela ciência. Aliás, não existe a ciência. Existem muitas ciências. Através de cada uma temos uma imagem fragmentária do mundo e de nós mesmos. A especialização fragmenta o mundo, pois o especialista é aquele que "sabe tudo sobre quase nada e nada sobre o todo”.E uma visão global mais que a soma das visões que as diferentes ciências oferecem do mundo e do homem.



Independente dos movimentos históricos para a introdução do en¬sino da Cultura e Sociedade Brasileira" durante dois semestres nas escolas superiores do país, poderá ser uma oportunidade para arraigar mais a ciência e o futuro profissional à nossa realidade brasileira numa perspectiva humanista. Nesta intenção, os professores desta disciplina concordam com o "marco referencial das novas “diretrizes da educação brasileira ", que "afirma o primado do homem sobre as coisas, do espírito sobre a matéria, da ética sobre a técnica, de modo que a ciência e a téc¬nica estejam a serviço do homem" .



"Cultura e Sociedade Brasileira" não é uma disciplina científica, no sentido rigoroso do termo, como o é, por exemplo, a física ou a matemática. Por isso esta disciplina destina-se a ser um subsídio para as outras aulas e para a vida, não um manual a ser decorado. "Cultura e sociedade Brasileira" oferece elementos para a re¬flexão e o debate, visando formar uma consciência nacional mais crítica e humanista entre os acadêmicos levando os a participar mais ativamente e de maneira mais responsável na vida e no destino da nação.



O enfoque dado à realidade brasileira em Cultura e Sociedade Brasileira não exclui outros enfoques possíveis. É um ponto de partida, não de chegada. Os pesquisadores envolvidos não se contentam em "contemplar" a realidade como é, mas pretendem repensá-la e transformá-la. Propõem um projeto que salvaguarde a eminente dignidade da pessoa humana, sua singulari¬dade e transcendência. É preciso acordar a juventude brasileira en¬quanto é tempo. A manipulação do homem pelo homem poderá anular sua consciência de liberdade e acomodá-lo à abúlica servi¬dão. Projetos megalomaníacos poderão transformar nosso pais numa maravilhosa "cidade do homem" na qual, todavia, poderá faltar lugar para o homem ser, pensar e agir de maneira humana. Cabe à universidade brasileira assumir uma função crítica por excelência frente ao sistema no qual está inserida.

"Para mudar um país é preciso, antes de tudo, conhecê-lo"."País do futuro", "país emergente": cada nova década nos apresenta uma nova imagem de otimismo que tenta conformar o Brasil a esperar por um futuro promissor. Mas será que estamos todos de acordo com esta visão? O que o brasileiro espera do próprio futuro? O "amanhã" inspira as mais diversas previsões; e é para garimpar esta vasta riqueza que universidade preparou a disciplina ”CULTURA E SOCIEDADE BRASILEIRA", que reúne retratos e relatos que expressam as mais diversas opiniões sobre o futuro do país, um panorama intimista que pulsa com fé e descrença, otimismo e desilusão.





CARÁTER ESPECIFICO E SINGULAR DE CULTURA E SOCIEDADE BRASILEIRA





A disciplina de CULTURA E SOCIEDADE BRASILEIRA vale-se da observação científica que pode ser comum a outras disciplinas, tais como História, Política, Sociologia, Psicologia, Geografia Humana e econômica. etc., contudo, ela visa chegar a um juízo ético da realidade nacional. A disciplina de Cultura e Sociedade Brasileira não se reduz a uma Sociologia ou Economia do Brasil a uma Geografia Humana e Econômica do Brasil, mas procura estu¬dar, discutir e analisar a realidade brasileira (econômica, social, política e cultural) numa visão integral axiológica em que o homem todo e todos os homens são o fim do esforço de reflexão e de transformação.

É mais uma disciplina que vem reforçar a formação humanística do educando.



Visa formar o cidadão não apenas enquanto profissional (o que é obsessivamente perseguido por alunos e professores na universi¬dade brasileira), mas enquanto pessoa que tem compromisso com o exercício da cidadania dentro da comunidade brasileira na qual o desenvolvimento integral constitui ainda um desafio a ser alcançado.



A disciplina de Cultura e Sociedade Brasileira não pode alimentar a pretensão de que, por si só, poderá propiciar ao cidadão uma consciência crítica e uma visão global, objetiva e sintética da realidade BRASILEIRA, mas deve esforçar-se para fazer a sua parte, oferecendo aos discentes os ele¬mentos necessários para desenvolver uma consciência crítica e ética da realidade em que vão atuar. Por isso, devemos atribuir a má¬xima importância a toda disciplina que pode contribuir para visão humana e integral do homem e da sociedade. A rigor todas as disciplinas de um currículo. independente do curso, deveriam oferecer este espaço, porém, na prática, raras vezes isto acontece. O professor, principalmente das áreas mais técnicas, se limita a atender os objetivos imediatos do estudante que, na sua grande maioria, objetiva na sua graduação melhorar o seu nível de vida, não levando em conta a dimensão social de sua profissão.



Além disso, a formação histórica do homem brasileiro favoreceu o paternalismo e o individualismo em detrimento do espírito público e do patrimônio cultural. o que exige uma contribuição especial conseguir criar uma mentalidade cívica e comunitária.



Por isso, é recomendável que o universitário faça esta disciplina no início do curso, pela abertura de visão que pretende dar e pelos elementos e critérios que proporciona para o aluno situar-se melhor na escolha profissional. Com isso, a disciplina de Cultura e Sociedade Brasileira pode alcançar profundas ressonâncias em toda educação, e, quando bem mi¬nistrada, pode colaborar para a universidade atingir uma de suas funções básicas que é a de estar atenta e aberta para a solução dos problemas da região geo-econômica em que se situa.





FUNÇÃO ESTUDO DA CULTURA E SOCIEDADE BRASILEIRA NA UNIVERSIDADE



A preocupação da disciplina de Cultura e Sociedade Brasileira não é somente de identificar a realidade ou partes da realidade, mas de conhecer a verdade que envolve a realidade. Isto é, ajudar a desvendar a realidade da qual cada um de nós somos parte, mesmo, por vezes, sem envolver-nos o suficiente com ela.



Porém, nosso objetivo maior não é apenas conhecer o mundo sócio-econômico-político, mas conhecer e desvendar o mundo do homem, que é o agente da justiça ou injustiça, no meio social. Historicamente a universidade surgiu para responder os desafios da sociedade.



Partimos do princípio de que todo homem age. E, através da ação, ele deixa transparecer seus princípios, seus valores, suas intenções, seus desejos e seus sentimentos. Assim, "o mundo torna o colorido dos olhos de cada um de nós". Pois, atrás da injustiça, sempre se esconde um homem injusto. Atrás da exploração, sempre se escon¬de um explorador. Atrás da opressão, sempre se esconde um opres¬sor. Atrás da ditadura, sempre se esconde um ditador. Atrás da ação humana ou desumana, sempre se esconde um homem humano ou desumano, equilibrado ou desequilibrado.



Por isso, antes de questionar os sistemas. regimes e modelos im¬postos ao povo, devemos questionar a nós mesmos, pois as macro-ditaduras políticas, econômicas e sociais começam nas microditaduras dentro de nós mesmos, dentro da família, da escola, da universidade. Ali se ensaia o futuro da sociedade. As grandes violações dos direitos humanos, através de sistemas e regimes de força, co¬meçam nas pequenas e diárias lesões de egoísmo e mentira contra os nossos próximos mais próximos. Neste sentido, o apelo do bispo Dom Hélder Câmara também ratifica esta posição ao afirmar:

"Não adianta pensar em reformas sócio-econômicas, de estruturas externas, enquanto não houver mudanças profundas em nossas es¬truturas interiores". Como afirmam os existencialistas: “Toda responsabilidade cabe ao homem, pois somente ele é o artífice principal de seu êxito ou de seu fracasso”.



Disso concluímos que nossa crise não é política, nem econômica, nem energética... é, sobretudo, a crise do homem. E o "homem só é verdadeiramente homem, na medida em que, senhor de suas ações e juiz do valor destas, é autor do seu progresso, em confor¬midade com a sua natureza".



Antes de questionar os sistemas, por mais desumanos que sejam, devemos seguir o exemplo do filósofo Heidegger que se perguntou inicialmente pelo sentido do existir, não como uma resposta defini¬tiva, mas como um abrir caminhos. Para isso, Dom Hélder Câmara dá a receita:

''Quem não rasgar, de alto a baixo, a carapaça do egoísmo e não sair de si, ao encontro do irmão, jamais terá verdadeiros encontros com alguém e jamais chegará a autênticos diálogos".



Perguntar pelo sentido do mundo e das coisas exige perguntar pelo sentido fundamental do ser do homem. Pois o homem é uma realidade que se faz existindo (ec-sistindo), com a capacidade de assumir o próprio poder ser e de sair de si mesmo para lançar-se, transcender-se. Assumindo a si mesmo, o homem torna-se também uma presença mais autêntica como "ser-com-os-outros" e "ser no mundo (Dasein) e não apenas um simples " estar-no-mundo". E neste processo que "o homem torna possível a história, não como ciência, mas como acontecimento".



Aplicando isto a nossa realidade, podemos verificar que as nossas universidades primam, ou pelo menos correm o risco de despejarem na sociedade bons técnicos, ótimos engenheiros, arquitetos, economistas, administradores, mas homens vazios. E ai nos parece necessário perguntar: cabe à escola e à universidade formar homens ou técnicos? "Por que e para que vou à universidade?",

"Se for apenas para a conquista de um título, de prestígio social, de um diploma pro¬fissional necessário para aumentar os rendimentos. estaríamos muito longe do espírito que deve animar uma universidade humanista e comprometida com a sociedade.Há, por isso, um risco muito grande de diplomarmos máquinas pensan¬tes, calculistas,insensíveis,frias. sem coração e sem uma resposta para o próprio existir".



Talvez, quando perguntarmos pelo sentido da vida e o sentido da sociedade, seja necessário perguntar também pelo sentido da uni¬versidade. E quem sabe, sim, de homens em primeiro lugar, com uma pos¬terior complementação técnica. Antes da capacitação profissional, precisamos aprender a investir na natureza humana, isto é, no ho¬mem como homem. No seu equilíbrio biológico, físico, espiritual, moral, afetivo, psicológico, cultural social, etc. A natureza do homem, como constituição íntima do ser animal e racional, impõe uma série de necessidades que precisam ser supridas ou atendidas.

Disso decorre que, quanto mais necessidades naturais forem menos atendidas, maior será o desequilíbrio humano. O homem é um todo e como tal deve ser pensado, tratado, educado e formado. Este equilíbrio do todo é que imprime sentido à vida e às coisas.



UMA PARADA PARA INTERIORIZAR-SE



Em virtude da acelerada crise econômica, dependência, inflação, alto custo de vida política econômica concentradora, a vida tornou-se apertada para a maioria. E o povo já não tem tempo, pois precisa lutar, e, por vezes, desesperadamente, para sobreviver. A lei da vida é correr, trabalhar, fazer, produzir, faturar. Assim, a cons¬tante desvalorização dos salários e a constante majoração dos pro¬dutos de consumo, somadas ao egoísmo, à ganância e à rotina, afas¬tam cada vez mais os homens, tornando os ilustres desconhecidos que' diariamente se acotovelam e se pecham, cada um ocupado e preocupado com o., seu mundo de interesses. Esta livre concorrência, cobiça e concentração de recursos nas mãos de cada vez menos gente, traduzida pela lei do mais vivo e dos mais fortes, torna a nossa vida difícil, e até insuportável. É o que filósofo existencia¬lista J. P. Sartre traduz muito bem com a expressão: "O inferno são os outros". . ,E o inferno é você, sou eu. O seu inferno sou eu na medida em que deixo de olha-lo como amigo, como pessoa que tem os mesmos direitos e passo a olhá-lo como alguém do qual posso tirar proveito. Como alguém que posso explorar. Como al¬guém que posso usar, e quando não me serve mais, jogo fora, mar¬ginalizo, pisoteio. (O vazio interior, a solidão a náusea, o desespero e o suicídio) de que fala J. P. Sartre são um sintoma evidente do desequilíbrio humano. Um sintoma evidente de que a sociedade investe muito, mas pouco no homem como homem. Nisto consiste a crise de va¬lores.

Por isso, neste mundo de homens-fantasmas, de ilustres desco¬nhecidos, talvez o maior desconhecido seja eu mesmo, na medida em' que encontro tempo para tudo, mas não encontro tempo para mim mesmo.

Quem sou? O que penso de mim mesmo? O que sei de mim mes¬mo? Lembro que certa vez um professor solicitou, para uma turma de 6º série, a seguinte tarefa, por escrito: "Escrevo .tudo o que você sabe sobre o colega que senta ao seu lado". Terminada esta primeira tarefa, o professor revelou a segunda "Escreva tudo o que você sabe sobre você". A experiência demonstrou que na pri¬meira pergunta os alunos escreveram com ânimo e inspiração. Po¬rém, na segunda pergunta, o lápis parou e mais de 60% dos 40 alunos não escreveram nada, pois não sabiam nada de si. A mesma experiência repetida com outras turmas revelou 'o mesmo resultado., E se esta experiência fosse feita com os universitários?



Faz parte do nosso sistema e da nossa estrutura social que o in¬divíduo saiba tudo sobre uma determinada área (especialização); mas saiba muito pouco ou quase nada de si. Que ele domine uma área de conhecimento como especialista, mas não domine a si próprio e seja um ilustre ignorante do seu mundo interior.

"O desenvolvimento levou à especialização, gerando o "Fachi¬diot", o homem que sabe tudo sobre quase nada e nada sobre o todo. O homem, ele mesmo, tornou-se fragmentado, quebrado".

Com isso corremos o risco de não pensarmos e, quando pensamos, corremos O, risco de, pensarmos para os outros e como os outros. Assim, perdemos a nossa identidade.

E uma das características do homem atual é exatamente a perda de identidade. Quem ganha ,mais uma vez com isso é o sistema, a classe dominante' e a socie¬dade consumista.

''Sem tempo para nada, vivemos tensos, ocupados, preocupados, agitados, insatisfeitos, com os nervos a flor da pele. Nossas antenas estão sempre ligadas, atentas, preocupadas com tudo, para tudo e sobre tudo. No fim do dia, estamos entregues e exaustos e,muitas vezes, sem forças para parar, olhar para trás e, sobretudo, olhar para dentro de nós mesmos. Como diz o filósofo J.Ortega y Gasset, “ o homem deveria diariamente aprender a desligar-se de tudo e de todos e ter a coragem de "ensimesmar-se", isto é, entrar dentro de si mesmo e no mais íntimo do seu "eu” desencadear um processo de auto-avaliação. Isto,. sem dúvida, abriria nossos olhos sobre nós mesmos e sobre nossa omissão com a realidade exterior. Como não estamos habituados a isso, facilmente somos dominados pelos sistemas opressores e engolidos pelos interesses hedonistas de uma sociedade materialista e consumista.

Quem sabe, as aulas de Cultura e Sociedade Brasileira possam ser esta parada semanal, 'onde nada seja mais importante do que o “eu “de cada um. Onde, através da leitura, do.diálogo, doquestionamento, da análise crítica o acadêmico encontre um clima e um ambiente favorável para “ensimes¬mar-se" (interiorizar-se).

• Interiorizar-se, para repensar a vida, seus valores, seus princí¬pios, sua maneira de ser, pensar e agir.

• Interiorizar-se para identificar ,as causas dos seus conflitos, das suas dúvidas, da sua crise e descobrir, com os outros, a maneira de libertar-se delas.

• Interiorizar-se, para conhecer melhor a si, suas capacidades e aptidões.

• Interiorizar-se, para conscientizar-se sobre o fato de que antes de corrigir o mundo das coisas é preciso corrigir o mundo dos homens; e, antes de corrigir o mundo dos homens, é preciso corrigir a si mesmo, fonte geradora de todos os males, problemas, desequilíbrios e escravidões.



Com esta visão humanizadora do homem e da realidade, quem sabe, compreenderemos melhor também os grandes problemas bra¬sileiros, como petróleo, carvão, xisto, álcool, energia nuclear,ener¬gia elétrica, energia solar, biogás, agricultura, pecuária, siderurgia, saúde, habitação, transporte; pesca, etc., objeto de estudo em Cultura e Sociedade Brasileira.





NOSSO DESAFIO: A HUMANIZAÇÃO



Como militantes universitários, nosso desafio é transformar o mundo hominizado num mundo mais humanizado. Para isso, precisamos tomar consciência de que o homem, em grande parte, não é outra coisa senão aquilo que ele pensa de si e faz. Portanto, o futuro do homem é o próprio homem. E a liberdade deste homem é todo o espaço criador de escolhas, opções, decisões e, sobretudo, de dis¬ponibilidade que existe entre ele e o mundo exterior. E esta dis¬ponibilidade fraterna de servir, de participar e de assumir as cir¬cunstâncias temporais de cada momento histórico que torna a vida possível e as pessoas realizadas. Esta fraternidade, baseada na lei do amor, exige, por sua vez, igualdade de direitos e de deveres. E isto é profundamente libertador, pois cria condições de vida onde não há vida e melhores condições de vida junto àqueles que não têm voz e vez.



A nós, universitários, pelo fato de representarmos uma minoria cultural neste país de semiletrados, cabe a tarefa de sermos porta ¬vozes da libertação interior, ou seja de todo e qualquer egoísmo, e a libertação interior, ou seja, das diferentes formas de escravidão que ferem a dignidade humana.



Enquanto nos propomos a organizar nosso mundo interior como sujeitos, deve cuidar para não rebaixar o outro à humilhante condição de objeto, usando-o para interesses próprios. Isto destruiria toda a dimensão de fraternidade.



Esta dimensão de individualismo e egocentrismo, peculiares nas relações dos homens materialistas e consumistas, transforma o ho¬mem em lobo do próprio homem. Concretamente, isto é expresso pela ganância, pelo ódio, pela dominação, pela exploração, pelas violências e violações dos direitos mais elementares da pessoa hu¬mana. Assim, o relacionamento entre os homens transforma-se num campo de batalha, onde o outro não pode ser eliminado, senão um a menos que temos para explorar. Mas também não podemos deixá-lo crescer muito, sob o risco de perdermos a nossa posição de opressor para oprimido, de explorador para explorado.



Concretamente, isto se expressa também pela escravidão econômica, em que o homem é medido e avaliado pelo que produz e não pelo que é. Isto se expressa pelo abuso de poder, em que uma minoria domina a maioria e se outorga o direito de deixar o povo na mais absoluta miséria. A autoridade só é justa quando estiver a serviço. Também se expressa pelas téc¬nicas psicológicas para atemorizar, perseguir, reprimir, cassar e matar, ou então pelas técnicas de alienar, ludibriar. enganar e desviar a atenção do povo através dos poderosos veículos de comunicação.



Este fascínio pela verdade, esta paixão pela justiça e este anseio pela fraternidade, deveria ser a filosofia norteadora de todo universitário através de Cultura e Sociedade Brasileira.

POR UMA UNIVERSIDADE HUMANIZADORA



Assim como o mundo é o que somos, da mesma forma a universidade ref1ete o que somos ou melhor. a universidade é o que somos. Portanto, é também tarefa de cada um de nós transformar a universidade no grande laboratório do desenvolvimento perma¬nente e integral do homem:

• Onde,o universo das idéias,colocadas sobre mesa seja comprado, discutido, analisado, na busca incessante da verdade, sempre num respeito profundo pela individualidade e a dignidade da pessoa.

• Onde jamais o econômico se separa do humano,

• Onde as angústias, os conflitos, as interrogações existenciais do homem sejam discutidas e analisadas, sem esquecer, porém, que as propostas libertadoras devem estender-se também à realidade social.

• Onde o espírito evangélico da liberdade e caridade orienta toda a cultura e toda e todas as ciências numa constante perspectiva de libertação interna e externa.

• Onde o espírito crítico seja mais importante que os métodos e as técnicas didático pedagógico, ou que a pura e simples transmissão de conhecimento.

• Onde o ser mais seja mais importante do que a ânsia de pos¬suir mais.

• Onde a transformação das estruturas sociais e econômicas vigen¬tes seja uma preocupação e uma prática constantes.

• Onde a formação humana seja mais importante do que a forma¬ção técnica, mesmo que o curso seja técnico. "A busca da qualidade deve ser o aspecto central".



"O aperfeiçoamento dos métodos administrativos, a excelência aca¬dêmica no ensino e pesquisa, o aprofundamento do sentido e da responsabilidade comunitária, como expressão do com¬promisso com a justiça e fraternidade, constituem as áreas fun¬damentais.



"Trata-se de uma missão global que atinge o homem todo em si¬tuação... num compromisso com a realidade em todas as suas facetas". Como defende Itami Campos é professor de Política da Evangélica – Faculdades Integradas e autor de Coronelismo em Goiás e O Legislativo em Goiás.

Mas uma sociedade que exagera e quase exclusivamente se fun¬damenta no ter no consumismo, que aceita sem se questionar, que uns 'poucos tenham tudo e em superabundância, enquanto outros passam privações insuportáveis, esta sociedade está em profunda crise e em discordância com os valores humanistas que são prin¬cípios fundamentais também de uma universidade.

O retorno a uma certa frugalidade e austeridade é condição in¬dispensável para salvar nossa civilização, rica em conforto e pobre em humanidade.



Desde seu aparecimento, a universidade sempre teve a missão histórica de salvar e preservar o que a humanidade tem de mais profundo e sagrado em seus valores humanos.



A transformação, a mudança, não se realiza por decreto nem com simples protestos e agitações, mas com o testemunho, o com¬promisso individual e coletivo em função do bem comum.



Em momento nenhum quero menosprezar o valor do social, do econômico, do conforto oferecido pela técnica. O problema é apenas de justa medida. a grande missão da universidade é a de preparar o 'homo serviens' - homem que sabe servir.



Não se trata do servir escravo, mas do servir livre e generoso, na dimensão da fraternidade igualdade e justiça.



Para diplomar, preparar cientistas e técnicos, literatos e artistas, profissionais habilitados, para isto basta uma universidade.



Para diplomar, preparar cientistas e técnicos, literatos e artistas, profissionais habilitados que tenham o profundo sentido humanista do servir, para isto se justifica uma universidade tenha a disciplina de cultura e sociedade brasileira.



Estes aspectos de humanização da universidade também apare¬cem com destaque na obra do Prof. Urbano Zilles, Diretor do Ins¬tituto de Filosofia da PUCRS, quando afirma que vivemos

"Numa grande ilusão quando se tenta reduzir todos os grandes problemas hodiernos do homem, da universidade e da sociedade a meras questões econômicas,jurídicas, quantitativo-matemáticas,ou estatístico-pedagógicas. Não negamos, em momento algum, a importância destes enfoques. Mas n-o se deve esquecer que são enfoques parciais e fragmentários. A crise existencial global da vida e do mundo, capaz de dar sentido e significação não só às próprias ciências, mas a todo agir e ser do homem”.

Assim, somos chamados a construir um "mundo em que todos os homens, sem exceção de raça, religião ou nacionalidade, possam viver uma vida plenamente humana, livre de servidões que lhe vêm dos homens e de uma natureza mal domada, um mundo em que a liberdade não seja uma palavra vá e que o pobre Lázaro possa sentar-se à mesa do rico"

Somos chamados a assumir a nossa posição de co-criadores, o que "revela audácia e humildade do criador. Temos que aprender, com o criador, como criar e não como destruir. A destruição não é digna do criador e é absurda no criador".

Se tudo isto está sendo cumprido e atendido, ótimo. Então aproveitemos as aulas de Cultura e Sociedade Brasileira para manter esta unidade, harmonia e este equilíbrio através do diálogo. Caso contrário, Cultura e Sociedade Brasileira está aí para abrir o jogo e colocar as cartas na mesa, buscando, sempre através do diálogo, uma visão objetiva do homem e da realidade

Insistimos no diálogo, que, na pluralidade de ideologias, vem a ser o termômetro do equilíbrio e da maturidade humana. Isto é tão importante que Heidegger chega a afirmar que a palavra é a casa do ser. Portanto, dialogando, entramos nas profundezas do outro, o habitamos e somos habitados, como fundamento de um e de outro. "O diálogo passa a ser então a recíproca revelação do que há de mais íntimo em cada um de nós, na constante investigação da verdade. Querer a verdade é estar continuamente a caminho.É Estar aberto a tudo que nos cerca", afirma D. Cláudio Hummes.

Dialogando, confrontamos teorias, doutrinas, idéias, ideologias. Dialogando, desvendamos a realidade Homem e a realidade Mun¬do, o que implica em fundamentação teórica, leitura, embasamen¬to empírico; implica em questionamento, argumentação, análise crítica, dedução, conclusão, etc.

Dialogando, elaboramos uma nova idéia de homem e de socie¬dade, quem sabe mais profunda e mais verdadeira.



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A ARTE DE ESTUDAR HOJE


A ARTE DE ESTUDAR.



A pessoas que não se interessam ou não estudam geralmente têm sentimento de culpa. A falta de motivação é responsável por um número maior de fracassos do que um ambiente familiar inadequado ou a falta de capacidade. Sentir-se desmotivado é o problema mais sério que muitos estudantes enfrentam.

Por que tantos alunos acham difícil estudar? A falta de metas a longo prazo. A maioria dos estudantes tem sonhos profissionais: querem ser médicos, advogados, engenheiros, executivos, professores, etc. mas esses objetivos muitas vezes são vagos e geralmente mudam de tempos em tempos. Poucos estudantes estão absolutamente certos do que desejam fazer na vida, e um número ainda menor sabe exatamente o que deve fazer na faculdade, para se preparar para a carreira que escolheram. Essas incertezas levam à insegurança e à ansiedade e tolhem toda e qualquer motivação para estudar.























1. SUCESSO NA VIDA ACADÊMICA E PROFISSIONAL





Se você tem um propósito bem definido achará mais fácil adquirir os hábitos e as habilidades necessárias a um estudo eficiente. Quase todos os estudantes parecem interessados em ganhar bons salários quando terminarem seus estudos. Entretanto, é bom lembrar: há uma relação muito íntima entre boas notas e bons salários. Os alunos médios certamente terão um salário bem menor que os alunos que se destacaram em termos de notas.

A razão óbvia é que os que têm maior capacidade terão maior possibilidade de êxito, tanto na vida acadêmica quanto na vida profissional. Por outro lado, todas as profissões exigem que a pessoa seja capaz de ler com rapidez e de compreender o que se está lendo. Ainda, devem ser capazes de lembrar-se aquilo que leram. Mais ainda, exigem que a pessoa saiba distribuir o seu tempo e que saiba dialogar com os cliente, amigos de trabalho e patrões.

Muitos sabem que os bons hábitos podem tornar uma pessoa mais eficiente. Por isso, tenhamos sempre o cuidado de estarmos adquirindo bons hábitos.





2. A IMPORTÂNCIA DAS NOTAS



As notas não medem uma pessoa, nem são a única medida do desempenho acadêmico. São apenas um instrumento de avaliação bastante imperfeito daquilo que você aprendeu nas várias disciplinas. No entanto, de modo geral, as notas refletem realmente o que os alunos aprendem em determinados cursos e indicam o que eles provavelmente poderão conseguir no futuro.



3. SATISFAÇÃO NO ESTUDO



Aprender e estudar não são necessariamente obrigações desagradáveis. Você deve saber o que aprender e como aprender. À medida em que você vai aumentando a sua capacidade de compreensão de um determinado assunto, você vai adquirindo satisfação e vai desafiando a si mesmo a examinar algumas idéias novas. Uma vez cumprida com certa eficiência uma determinada tarefa, você estará em melhores condições para fazê-la de novo. Quanto mais você lê e aprende, mais fácil se torna ler e aprender. Em vez de ser uma tarefa árida e frustrante, estudar será uma coisa gratificante em si mesma.

Bons hábitos de estudo possibilitam fazer-se mais em menos tempo.





4. DESENVOLVENDO A EFICIÊNCIA PESSOAL



Para desenvolver uma eficiência pessoal, é importante concentrar-se naquilo que se está fazendo. Há que evitar, de modo especial, coisas que possam interromper a atividade. Se houver dificuldade em alguma matéria particular, cuidar para não gastar tempo demais nela esquecendo-se das outras disciplinas, que também requerem tempo suficiente para que seus conteúdos sejam aprendidos.

Aprenda a organizar o seu tempo para um estudo eficiente. Ficar cinco, seis ou até sete horas por dia estudando um assunto não é sinônimo de estar aproveitando o tempo; pelo contrário, pode ser indício de que a pessoa é desorganizada.









5. COMO APROVEITAR O TEMPO



a) organizar um horário de estudo. Um horário bem planejado significa economia de tempo. Evita que você fique indeciso quanto ao que vai fazer. Evita que você estude mais uma matéria que a outra;

b) ajuste-se às suas horas de aula as atividades e os trabalhos. Divida o horário em períodos de mais ou menos 45 minutos. Faça intervalo entre um período e outro de pelo menos 10 minutos. Evite estudar até tarde da noite, quando você já se encontra cansado. Especifique cada matéria dentro dos vários períodos, isso evita perder tempo pensando no que estudar primeiro.

c) Destine menos tempo aos assuntos mais fáceis e mais tempo nos que considera difíceis; faça o estudo em várias sessões, pois é mais proveitoso do que fazê-lo de “uma só pegada”. Revise as matérias quando estiver próxima a aula;

d) Fixe o horário estabelecido num local onde possa vê-lo com uma certa freqüência e cumpra-o cabalmente depois de estabelecido, porém, evite se estressar com os desvios ocasionais.

e) Procure um bom lugar para estudar. O melhor é sentar-se à mesa ou à escrivaninha e não na cama. Não leia e nem estude numa posição reclinada. Sente-se reto. Mantenha sua mesa ou escrivaninha limpa de qualquer coisa que não tenha relação com o estudo e que possa distrai-lo, ou seja: fotos, troféus, centro musical, etc. É importante que o local seja bem iluminado, com uma luz forte que seja confortável, agradável e distribuída de maneira igual, evitando sombra sobre os livros.

f) Tenha consigo todo o material necessário: lápis caneta, papel, livros, cadernos, borracha e um bom dicionário;

g) Procure estudar num local apropriado. A biblioteca pode ser um excelente ambiente.



Uma observação: uma velha regra prevê que para cada hora de aula são necessárias duas horas de estudos.











5. ESTUDANDO PARA AULAS EXPOSITIVAS



Tome nota de tudo que puder. Revise e passe a limpo os apontamentos sobre a aula, eliminando os pontos sem importância, desenvolvendo os mais importantes e reorganizando-os de forma mais legível. Não deixe passar muito tempo depois da aula para fazer o que está sendo sugerido. Quando possível, leia o tópico a ser estudado na aula antes da mesma, pois a familiaridade com um determinado tema ajuda a despertar o interesse. Procure encontrar materiais sobre o assunto.

Tenha cuidado mui especial com as matérias cumulativas, como a matemática, física, química, línguas e outras. Essas matérias são seqüenciais, no começo do curso você aprende coisas das quais terá necessidade para aprender mais tarde.





7. AUMENTANDO A CAPACIDADE DE CONCENTRAÇÃO



Há muitos fatores que facilitam a concentração. A boa saúde é um deles. Faça suas refeições em horários regulares. Durma o suficiente, pois o sono muitas vezes atrapalha a eficiência no estudo. Guarde as festas para o fim de semana ou para as noites livres. Reserve tempo para as recreações e para prática de exercícios físicos, ainda que seja uma caminhada. Tenha como meta a ser alcançada o interesse pelo estudo. Ao ler, habitue-se a conversar com o livro, a fazer pausas para argumentar a respeito do que leu; assim, você estará tomando uma atitude ativa quanto ao estudo, o que promoverá uma maior atenção de sua parte e o livrará da monotonia e da fadiga.







6. FORTALECENDO AS HABILIDADES BÁSICAS



6.1 Identificando suas fraquezas:



Responda sinceramente as seguintes perguntas: “Será que sei realmente ler bem? Com que rapidez consigo ler? Consigo lembrar-me do que li? Sei decidir sobre o que deve ser lembrado? Sei interpretar mapas e tabelas? E as legendas? O que eu faço quando estou lendo um texto pela primeira vez? O que eu faço quando acabo de ler? Quantas vezes preciso ler o mesmo assunto para entendê-lo? Leio um livro didático da mesma maneira que leio um romance? Com qual diferença leio química e antropologia? Tomo notas? Que tipo de notas eu tomo? Às vezes, tenho a impressão de que o professor está perguntando alguma coisa na prova que não estava nas aulas e nem nos textos? Qual é a extensão do meu vocabulário? Toma nota das palavras novas que encontro? Sei a diferença entre termos gerais e técnicos? Conheço o sentido dos sufixos e dos prefixos mais comuns? Sou capaz de fazer as quatro operações com rapidez e precisão? Sei ler gráficos?



Se você responder honestamente a essas perguntas estará dando um grande passo para descobrir as suas fraquezas, corrigi-las e alcançar maior satisfação nos estudos. Tornar-se-á mais apto para tirar o máximo de proveito de sua experiência em sala de aula, melhorar sua capacidade de leitura, de estudar livros didáticos com maior eficiência, de fazer provas e trabalhos, e estudar idiomas, matemática e ciências.



6.2 Tente compreender a organização.



Certifique-se de que entende, de saída, como o curso foi organizado. Procure ter acesso ao programa da escola e assistir a primeira aula de todos os cursos.









6.3 Aperfeiçoando a capacidade de ouvir.



Mantenha-se sintonizado com que o professor diz, ainda que a sala seja numerosa e que o professor tenha maneirismos e um tom de voz desagradável. Procure não se sintonizar com quadros na parede ou com a paisagem à janela. Tome bons apontamentos e mantenha-se atento ao que está sendo dito.



6.4 Tomando bons apontamentos nas aulas.



Tomar notas em aula é uma arte que se aperfeiçoa com a prática. Exige um certo esforço. Significa atenção em aula, cópia e revisão dos apontamentos. Ser disciplinado neste quesito enriquecerá a sua experiência acadêmica. Conserve os apontamentos através de um fichário com divisões por matérias. Tenha sempre à mão um estoque de papel em branco. Não se esqueça de datar os seus apontamentos.





























7. CINCO REGRAS PARA TOMAR NOTAS:





1. Anotar as principais idéias e fatos;



Reduzir. Reduzir é resumir. Extraia os termos e conceitos-chave.

Ler em voz alta. Releia as notas de aula o mais cedo possível após a aula, também, antes de uma prova, para manter o assunto fresco na cabeça.

Refletir. Uma das principais finalidades da educação é ajudá-lo a pensar. Portanto, se você refletir sobre o que está aprendendo o resultado é que você alcançará uma nota satisfatória nos testes.

Rever. Deve saber quando, como e o que rever. Aqui está um segredo para uma boa eficiência no estudo.



7.1 Resumindo, questionando, ouvindo



A maioria dos bons discursos, capítulos e artigos lhe dão, antecipadamente, uma idéia do que virá em seguida. Quando você lê alguma coisa, pode, em geral, resumir seu conteúdo percorrendo os títulos e lendo os resumos.

Quanto a uma aula expositiva, você precisa ficar atento ao que diz o professor, isso ajudará a organizar seus apontamentos racionalmente. Não se esqueça de perguntar, pois esta é uma das maneiras mais eficazes de se aproveitar uma aula, mesmo que ela seja monótona.











8. COMO TIRAR O MELHOR PROVEITO DE SUAS AULAS PARTICIPATÓRIAS



Esteja preparado para participar e assim contribuir com idéias próprias para o debate, bem como prestar atenção às idéias expressas por seus colegas de turma.

Contribua para o debate. Faça pergunta, o que é próprio de alunos inteligentes e que gostam de pensar. Não tenha receio de pedir informação. Quando o professor fizer perguntas, coloque-se à disposição para responder, mesmo que não esteja seguro da resposta.

Troque idéias com os colegas. Conversem entre si, pois este é um dos mais eficazes métodos educacionais. Não fuja do tema.





9. COMO TIRAR O MÁXIMO PROVEITO DO ESTUDO INDEPENDENTE



O estudo independente pode consistir em leituras orientadas ou o preparo de um longo ensaio sobre um determinado assunto que lhe interesse.



9.1 Planejando o trabalho.



Não vá adiando o início de um determinado trabalho. Não caia na armadilha de deixar as coisas para a última hora, pois poderá chegar o fim do curso e você ter apenas um projeto inacabado e sem nota, ou o que é pior, com um trabalho feito às pressas e uma nota baixa. Comece imediatamente. Decida o que precisa fazer e reserve tempo em seu horário, de modo que possa trabalhar cada semana com vistas do seu objetivo. Mantenha os seus apontamentos de forma ordenada.

9.2 Entrevistas com o seu orientador.



Programe entrevistas periódicas com o seu orientador. Lembre-se de que ele ou ela é um profissional mui ocupado. Não roube o seu tempo.



9.3 Preparando o trabalho ou relatório final.



Decida logo de início qual é a forma que vai dar ao relatório final. Reserve tempo suficiente para prepará-lo e comece a coletar o material de que precisará, logo que for possível.





































10. A ARTE DE LER



Isaac Watts disse uma coisa muito importante: “você tem sorte se aprendeu a ler bem e gosta de ler.”

Normalmente quem não gosta de ler é porque lê mal.

Façamos um teste para saber quais são as nossas deficiências na leitura (responda honestamente a cada pergunta):



a) Move os lábios ou vocaliza enquanto lê?

Quando move os lábios, você executa exatamente os mesmos movimentos feitos na leitura oral. É ineficiente porque diminui o seu ritmo. Além disso, mover os lábios é um mau hábito que você pode romper. É um sintoma de má leitura. Com os lábios imóveis você lerá melhor e mais depressa.

b) Você lê palavra por palavra?

Os bons leitores sabem que algumas palavras são mais importantes que outras e não dão a mesma ênfase a cada uma. Ler palavra por palavra é também um sintoma de uma leitura muito ruim. As pessoas que lêem palavra por palavra geralmente têm dificuldade em juntar os vocábulos que fazem sentido. Podem entender palavra por palavra, quando aparece, mas não tem idéia do que as palavras dizem quando são reunidas em expressões ou frases. Esse tipo de pessoa provavelmente escrevem mal e não sabem gramática.

c) Acha com freqüência, palavras que não compreende ou lhe são desconhecidas nas leituras que lhe mandam fazer?

Se a sua resposta for sim, então, precisa ampliar o seu vocabulário.

d) Volta atrás e acha necessário reler o que acabou de ler?

Isso é sintoma de desatenção.

e) Lê tudo com a mesma velocidade e da mesma maneira?



Francis Bacon disse que: “alguns livros são para ser degustados, outros para ser engolidos e alguns poucos para ser mastigados e digeridos”. Algumas coisas devem ser vistas apenas de relance. Outras coisas, podem ser lidas rapidamente. Outras, finalmente, devem ser lidas com muita atenção. Você deve ler cada frase como se cada palavra fosse uma bomba prestes a explodir.



f) Queixa-se com freqüência de que não compreende o que lê?

Algumas coisas você não entenderá. Todos nós teremos dificuldades para entender parte do que lemos, simplesmente porque ignoramos os detalhes técnicos do assunto. Mas você deve entender a maioria dos livros didáticos adotados em sua escola. Se sente que não entende uma grande parte do que lê, é um mau leitor. É provável que isso aconteça não só porque não entende uma grande parte do que lê, é um mau leitor. É provável que isso aconteça não só porque não possui embasamento técnico, mas por causa das suas deficiências nas habilidades lingüísticas essenciais e porque desenvolveu maus hábitos de leitura.

Há outras falhas, mas estas são sintomáticas. Se sua leitura é caracterizada por qualquer delas, então você tem muito o que fazer para melhorar. Com um pouco de esforço, quase todos conseguem melhorar sua capacidade de leitura de alguma forma.





10.1 LER COM UMA FINALIDADE



Quase todos os alunos, quando se sentam para estudar, escolhem um livro e começam a ler. Não se preocupam com o objetivo que possam ter para a leitura, daí resultando que lêem tudo do mesmo modo. Mas as maneiras de ler variam de acordo com os objetivos. O modo como você lê deve depender do seu propósito no momento.



10.2 LER POR ALTO



Um objetivo da leitura é descobrir do que trata determinado texto. Livro, ou pode querer saber se alguma coisa em que está interessado é nele mencionada. Um meio é procurar pontos de referência. Em livros didáticos e em alguns livros técnicos, isso é relativamente fácil de fazer, porque os títulos indicam quase tudo. Você pode folhear um livro ou um capítulo simplesmente examinando os títulos e subtítulos. Outro modo, especialmente em livros que não têm títulos, é examinar a primeira frase de cada parágrafo. Na maioria das vezes, a primeira frase contém a idéia principal do parágrafo. Da mesma forma, poderá ler o primeiro parágrafo de cada capítulo ou seção. Finalmente, poderá correr os olhos pela página em busca de certas palavras críticas. Isso pode ser necessário em livros que não tenha índice, e mesmo no caso dos que tenham.

Ler por alto é um passo importante e o primeiro a ser dado quando se estuda.



10.3 EXTRAINDO A IDÉIA PRINCIPAL



Como encontrar as idéias principais? Há idéias principais para capítulos inteiros, seções, subseções e parágrafos. Os parágrafos (trecho de prosa que trata de um único tópico) são as unidades menores. No parágrafo tudo gira em torno desse tópico.

Ao escrever é recomendável que se comece o parágrafo com uma frase-chave sobre o tópico, depois explique, ilustre, corrobore sua afirmativa por meio de outras frases e finalmente termine o parágrafo com uma frase que o resuma ou sirva de transição para o seguinte. Nem sempre, é bom que se diga, será possível e aconselhável começar o parágrafo com uma frase-chave. Às vezes a frase de transição vem antes. Essa frase mostra a ligação de um parágrafo com o que o antecede ou sucede. Às vezes o autor não pode dar a idéia principal em primeiro lugar. Um bom meio de apresentar alguma coisa nova é ilustrar primeiro o princípio que vai estabelecer. O princípio e não a ilustração é que constitui a idéia principal. É o que é novo para você, não aquilo que você já conhece, é o que constitui a idéia principal.

Ao procurar a idéia principal, não se preocupe com períodos completos. Os períodos geralmente contêm mais que uma idéia. A idéia principal provavelmente estará contida na oração principal de um período. Você pode em geral reduzi-la a duas ou três palavras mentalmente.

Para entender o que estamos dizendo, peque um de seus livros didáticos e procure alguns períodos com idéias principais. Agora, experimente eliminar os modificadores. Conserve apenas o sujeito e as palavras essenciais do predicado. É muito provável que obtenha a idéia principal..

Lembre, porém, de que às vezes os qualificativos são importantes para a idéia principal de uma frase-chave. Se você eliminar o adjetivo na frase “mesmo os leões domésticos mordem”, o ponto principal da frase ficará perdido. Por outro lado, se você ler: “a pessoa que lê rapidamente, percorrendo cada linha com o menor número de movimentos oculares e sem parar para devanear, é exatamente a que aprende muito em pouco tempo”, poderá eliminar a maior parte das palavras, traduzi-las e chegar à seguinte idéia principal: “o que lê mais rápido geralmente aprende mais rápido”.

Ocasionalmente, você encontrará parágrafos nos quais a idéia principal não é absolutamente expressa. Isso não acontece muito em livros didáticos, mas é comum na literatura, em geral, e na ficção, em particular.

Observa-se que, de modo geral, nada do que você lê é completo em si mesmo. O escritor não se preocupa em dizer-lhe todo o essencial sobre o assunto. Um escritor que o fizesse se tornaria insuportável e aborrecedor para o leitor. Os escritores esperam que você seja capaz de tirar certas conclusões do que lê.

Procure adquirir prática na busca da idéia principal dos parágrafos. Se o fizer, poderá tornar-se tão eficiente que o fará inconscientemente, sem pensar no assunto. Fazer isso é dominar um dos aspectos mais importantes de uma leitura eficiente.





10.4 EXTRAINDO DETALHES IMPORTANTES



Se conhece um determinado texto, pode tirar dele uma porção de detalhes importantes. Porém, o que é um detalhe importante? Muitas vezes é um exemplo do princípio estabelecido na idéia principal. Isso acontece com freqüência em livros de ciências.

Por exemplo, como dizem DEESE e DEESE ( 1990):

“um livro de biologia pode dizer que os pardais nas áreas urbanas da Inglaterra, durante o século XIX, eram mais escuros e acinzentados do que os pardais do campo. O texto pode em seguida dizer que este é um exemplo de coloração protetora na seleção natural. Como os pardais da cidade viviam num ambiente de pedras cobertas de foligem e pó de carvão, em vez de bosques, os que não avistados por predadores sobreviviam para procriar. O resultado foi que os pardais da cidade se tornaram mais escuros que os da roça. A idéia importante é que a coloração protetora resulta da seleção natural. Os pardais da Inglaterra são o exemplo.





Quase sempre os livros didáticos são organizados para apresentar informações de modo ordenado, é fácil extrair a idéia principal e pelo menos os detalhes mais importantes. Se você se habituar a ler de modo a identificá-los sem pensar muito, será mais eficiente em absorver informações do que se apenas for lendo sem se preocupar com o que é importante ou não.



10.5 LER POR PRAZER

Quanto mais você ler por prazer, melhor leitor se tornará. Algumas pessoas pouco lêem além das seções de esporte, histórias em quadrinhos, charges ou piadas. Todos temos coisas de que gostamos de ler por prazer. Aceite que você pode ler por prazer da mesma maneira que lê para aprender e que algumas coisas que ler, poderão ser incorporadas ao seu cabedal de conhecimentos.





10.6 AVALIAR O QUE VOCÊ LÊ



Aprenda a avaliar o que você lê. Com freqüência, você lerá assuntos polêmicos, entrevistas, reportagens e outras coisas que nem sempre podem ser julgadas pelo seu valor nominal. Você pode até ler coisas que ofendam suas crenças e valores. Procure descobrir por quê. Mesmo os livros didáticos nem sempre estão de acordo com as suas crenças e idéias preconcebidas. Quando houver essa discordância, examine suas crenças e descubra se você quer mantê-las ou não. Se você fizer isso, descobrirá que está numa posição muito melhor para defender essas crenças.

Se tomar uma posição avaliadora, ao ler, você se manterá alerta e absorverá conhecimentos de maneira mais seletiva. Aumentará a sua habilidade para dissecar argumentos. Ficará menos satisfeito em aceitar tudo o que lê pelo seu valor aparente.



10.7 AMPLIANDO O QUE LÊ



Outro objetivo da leitura é expandir ou ampliar o que você lê, de modo que possa ser aplicado a situações do seu dia-a-dia. Você pode aplicar o que lê aos seus próprios problemas, tornando, assim, a leitura uma experiência ativa.







10.8 USANDO OS OLHOS



São os olhos que controlam o nosso propósito, a nossa atenção e a nossa atitude quando lemos. Por isso, recomenda-se treinar bastante os movimentos oculares.



10.9 COMO MELHORAR SUA LEITURA



Muitas vezes, a má leitura é resultante de atenção dispersa ou de incapacidade de transformar o que se lê num conhecimento coerente. Para melhorar a sua leitura, tome as seguintes providências:

a) construa um vocabulário. À medida que seus textos de leitura se tornarem mais difíceis, procure aumentar o seu vocabulário. Muitas das palavras que aprendemos são termos técnicos, próprios de uma determinada disciplina. Se você estudar teologia, ouvirá falar de hermenêutica, homilética, esagoge, teosofia, teofania, etc.; se estudar psicologia, encontrará termo como “libido”, “gânglio”, ‘ego”, etc.; se estudar filosofia, “epistemologia”, “positivismo”, pragmatismo”, “neoaristotelismo”, “platonismo”, “maiêutica”, etc. você precisa saber o que estas palavras significam, lendo sobre elas ou ouvindo falar a seu respeito, ou então consultando um glossário ou dicionário. Além dos termos técnicos, verá que os livros que terá que ler contêm palavras que lhe são desconhecidas, como “heurística”, “peroração” e “reticular”. Finalmente, verá, palavras e expressões conhecidas em pregadas com sentidos novos e bastante específicos.





Um dos indícios mais evidentes de um bom leitor é o vocabulário. Um bom leitor é em conseqüência um bom aluno. Ele conhece e define um maior número de palavras e as distingue. Isso ajuda a ler mais depressa, pois não precisam parar para pensar. Não se sentem frustrados por uma incapacidade de compreender o que lêem. Aprenda a dominar as palavras que você lê.



b) preste atenção às palavras novas. Quando encontrar uma palavra nova ou encontrar uma que já tenha visto antes , mas não consegue identificar , não passe por cima dela. Isso não só é preguiçoso, é também um caminho certo para um mau desempenho acadêmico. O significado de uma frase interia pode depender de uma palavra nova, desconhecida. E esta pode ser a frase que contém a idéia principal.

c) Use um dicionário. O dicionário é o mais importante meio auxiliar para o estudo que você possui. Use-o certifique-se de que é um bom dicionário. Há muitos dicionários baratos à venda, mas um dicionário barato pode ser sinônimo de perda de tempo. Quando procurar uma palavra no dicionário, descubra seu significado específico no contexto em que a encontrou. Muitas palavras têm sentido gerais, que são encontrados nos dicionários, mas também sentidos específicos em determinados contextos. Isto acontece especialmente com palavras que são usadas como “metáfora”. Lembre-se, cada palavra nova que você compreende o sentido e os vários empregos se torna sua propriedade.





Também, lembre-se, escritores de sucesso, que têm o melhor domínio do português do que a maioria de nós, muitas vezes têm meia dúzia de dicionários para diversos fins. Estão sempre procurando palavras novas e até mesmo palavras que usaram durante toda a vida, simplesmente para apurar o emprego dessas palavras com determinados objetivos.





d) fichas de vocabulário. Um modo de aumentar e enriquecer o seu vocabulário é fazendo uso de fichas. Sempre tenha algumas consigo. Escreva também a expressão ou frase em que a encontrou, de modo a conhecer alguma coisa sobre o contexto. Mais tarde, quando de posse de um dicionário, procure a palavra e escreva a sua definição. Quando tiver acumulado um bom número de fichas, pegue-as e memorize.





e) Dissecando as palavras. Você pode melhorar o seu vocabulário aprendendo como as palavras se juntam. A língua portuguesa, principalmente o vocabulário derivado do latim, é constituída de elementos, muitos dos quais são empregados em inúmeras combinações para produzir novas palavras. Há três espécies de elementos: prefixos, sufixos e radicais. Se você conhecer o significado de um determinado prefixo e um radical, ou de um sufixo e um radical, poderá decifrar o sentido de uma palavra desconhecida que combine esses elementos.



O radical é a parte principal da palavra, ao passo que o prefixo e o sufixo são sílabas especiais acrescentadas no início e no fim da palavra. Na palavra “premeditação”, “pre” é o prefixo, “medita” é o radical e “ção” é o sufixo. O prefixo “pre”– significa antes e o sufixo “ção” indica que a palavra é um substantivo. “Medita (r ) significa ponderar, intentar, projetar. Portanto, “premeditação” se refere a um ato que é projetado antes, como assassinar alguém com premeditação.

Alguma palavras gregas entraram para a língua portuguesa, na maioria dos caos, através do latim. Embora sejam muito menos freqüentes que palavras puramente latina, algumas delas são muito importantes. Aprender palavras pode ser uma atividade absorvente e se você acha interessante ler a origem das palavras no dicionário, pode consultar dicionários históricos e etimológicos.





10.10 APRENDENDO A LER MAIS DEPRESSA



a) prática de leitura.



O primeiro passo para melhorar a velocidade de sua leitura é manter um registro da mesma. Dedique um período de tempo especial, a cada dia, para praticar a leitura rápida. Pode ser a qualquer hora, contanto que possa contar com ele, e não deixar que outras atividades interfiram. Calcule uma meia hora – ou pelo menos dez ou quinze minutos – para praticar a leitura rápida.

Escolha material que você gosta de ler e que não seja difícil demais, alguma coisa que não o distraia com ilustração e que não exija leitura de tabelas, gráficos e fórmulas. Qualquer que seja o material escolhido, mantenha o mesmo tipo durante a primeira fase do seu curso de auto-treinamento.

Pegue um relógio digital e dispare o cronômetro no momento exato que começar a ler. Leia o mais rápido que puder, procurando, porém, entender o que lê. Depois de ler três ou quatro páginas, pare o cronômetro e verifique quanto tempo gastou. Procure verificar quantas palavras você leu (conte as palavras de dez linhas, depois, divida o texto em conjunto de dez linhas e multiplique pelo número de palavras). Você poderá fazer a média de palavras que lê por minuto. Cuidado para sacrificar a compreensão do texto. Se notar que tem alguma deficiência, ou seja, se não conseguir ler ao menos 150 palavras de um texto fácil em um minuto, deverá procurar um especialista.



b) Prática de leitura superficial.



Há duas espécies de leitura superficial. Uma serve para procurar palavras e expressões-chave. Muitas vezes isso implica em recorrer os títulos; em outras ocasiões, é preciso ter idéia do que se está procurando. Outra espécie de leitura é aquele em que você deixa os olhos percorrerem a página de alto a baixo, para sentir o assunto que trata o livro ou o artigo, como está escrito e que tipo de vocabulário deverá conhecer para lê-lo.



11. ESTUDANDO EM LIVROS DIDÁTICOS



Cada estudante tem a sua própria maneira de estudar livros didáticos. Há no entanto alguns princípios gerais para o estudo eficiente dos livros didáticos. Fiquemos com o princípio de Francis P. Robinson, da Universidade estadual de Ohio. Ele resumiu a cinco as etapas específicas de um estudo eficaz:



a) Examinar. Aqui você procura obter a melhor visão possível do que vai estudar, entes de fazê-lo em minúcias. Examinar uma tarefa com antecedência é tão importante quanto examinar um mapa rodoviário antes de empreeender uma viagem de carro por estradas desconhecidas. Saiba o que vai encontrar antes de partir.

Examinar um livro é coisa que se faz partindo do geral para o particular. Quando pegar um livro pela primeira vez, dê uma olhada no volume todo, começando pelo prefácio. Ao ler um capítulo, você deverá prestar a atenção aos títulos. Eles lhe dizem qual o assunto abordado em determinada seção.

b) Perguntar. É importante fazer pergunta enquanto se aprende. A maioria das coisas que merecem ser lembradas é resposta a algum tipo de pergunta. Além disso, é sabido que uma pessoa se lembra mais daquilo que aprende como resposta a uma pergunta do que das coisas que apenas leu ou memorizou.

As perguntas ajudam porque fazem lembrar sobre o que se deseja saber com relação ao material que se está lendo. Todas as vezes que você se deparar com uma nova seção de um livro, deverá ter a cabeça cheia de perguntas.

Lembre-se que a finalidade das perguntas é orientá-lo para a idéia principal de uma seção e ajudá-lo a integrar essa idéia ao seu cabedal de conhecimento.



c) Ler. Ler não é a parte primeira, nem a última, nem obrigatoriamente a mais importante no processo de “Como estudar”. A leitura precisa ser algo ativo. Você precisa prestar atenção ao que aparece a cada passo; precisa questionar, evitando-se assim uma leitura passiva. Dê atenção aos termos importantes (normalmente os autores os anotam em itálico). Sempre que aparecer expressão em itálico, é preciso parar e prestar atenção, pois trata-se de coisa relevante.

Na leitura, não pule gráficos, tabelas e ilustrações. Mesmo uma simples fotografia ou desenho pode lhe dizer o conteúdo de uma seção inteira. As ilustrações às vezes, ajudam a tornar o material mais interessante e fazer com que seja lembrado mais facilmente.



d) Repetir. A repetição é o método mais antigo de aprender. Dizem que a “repetição” é a alma da aprendizagem; é o melhor método que pode, por si só, tornar sua leitura ativa, por isso é um método eficiente. A repetição revele, de imediato, a ignorância do leitor.

A regra geral é a seguinte; à medida que lê, pare de quando em vez para dizer, com suas próprias palavras, o conteúdo de cada seção importante do capítulo. Lembre-se que antigas pesquisas concluíram que: “quanto mais cedo se repete, mais tarde se esquece”.

A repetição serve para manter a atenção na tarefa a ser cumprida e ajuda, por outro lado, a corrigir erros.



e) Rever. A primeira revisão deve ser feita imediatamente após se estudar alguma coisa. Isso significa tentar repetir os pontos importantes do que se leu. Não deixe para revisar em cima da hora, antes de uma prova, por exemplo. Não reviso apenas com o intuito de memorizar, mas de aprender.





11.1 Como sublinhar e resumir livros didáticos



Nunca sublinhar sem antes percorrer o capítulo. Não se deve fazer uma seleção aleatória de textos. Isso indica que você não deu atenção devida ao texto o que, inevitavelmente, o levará a sublinhar coisas superficiais e deixar coisas importantes para trás.

Use a seguinte tática: primeiro: examine o capítulo; segundo: faça a si mesmo perguntas sobre ele, tentando respondê-las. Não sublinhe frases por atacado. Muitas palavras numa frase são irrelevantes. Em média, meia dúzia de palavras num parágrafo são suficientes.













12. MÉTODO PARA FAZER ESQUEMAS



O primeiro passo é utilizar as pistas que o autor fornece para o esquema que le próprio faz. Se há títulos no texto, você pode fazer um esboço do seu esquema baseando-se nesses títulos. Você deve escrever frases completas desses títulos após lê-los.

Seu resumo deve ser ordenado.



13. CONTEÚDO E FORMA DAS ANOTAÇÕES



Suas anotações devem conter as idéias principais e os detalhes importantes em cada nível de esquema. Certifique-se de que suas anotações serão fáceis de ser compreendidas mais tarde. Escreva legivelmente.

Observa-se que alguns tipos de leitura não se prestam a anotações esquematizadas. Uma obra literária, por exemplo, ninguém lê para entender determinados fatos ou teorias. O mais apropriado, nesse caso, é fazer um comentário do que foi lido. Deverá prestar atenção às imagens que o autor emprega e a qualquer interpretação simbólica que a obra possa ter. Você precisa estar alerta para os aspectos da história que podem parecer apenas incidentais mas que, na realidade, são de importância capital para a idéia ou a atmosfera que o autor deseja transmitir. Pode haver alusões, por exemplo, a história da mitologia clássica ou a textos bíblicos.





14. COMO FAZER RESUMOS



Estude cuidadosamente o material antes de começar a resumi-lo. Os resumos devem ser o mais breve possível, mas devem conter todas as informações essenciais. Resumo é uma simples repetição do assunto. Nele, são caracterizados os personagens de uma história, são mencionados os símbolos usados pelo autor, são mencionados os fatos mais marcante, as figuras de linguagem e os fatos irônicos.. É, deveras, um comentário feito com palavras próprias, onde a atmosfera da história e o sentimento que ela evoca são abordados.

Quando se tratar de resumos de um capítulo, é necessário que se faça um esquema.



14. COMO FAZER PROVAS



A melhor regra a seguir é: prepare-se para o tipo de provas que vai fazer e para todas as perguntas que possam aparecer, e não apenas para algumas delas. Estude a matéria toda. Procure estar em boas condições físicas, descansado e com boa disposição de espírito. Repasse os apontamentos de aula e as anotações feitas ao estudar pelo livro, prestando a atenção às idéias principais e revendo as listas de termos técnicos. Não faça da revisão um momento de aprendizagem.

Se você tiver mantido seu estudo em dia, a revisão para uma prova não precisará tomar muito tempo. Para uma prova semanal, bastam alguns minutos de revisão; para uma semestral, duas ou três horas: para uma final, de cinco a oito horas. Faça a revisão em períodos curtos. Intercale-os com outras atividades, principalmente repouso e recreação. Faça um plano definido para revisão.

Não vire a noite estudando sob o suposto poder do café preto ou sob os efeitos de pílulas estimulantes. Essa espécie de estudo frenético e desorganizado é ineficiente e, muitas vezes, prejudicial. Ficar sem comer, sem dormir e sem descansar causa esgotamento físico.

Na revisão, enfatiza a repetição. Reduza a leitura ao mínimo. Tente recordar as idéias principais sem recorrer aos apontamentos. Em seguida, confronte o que você relembra com as suas anotações. Não tente adivinhar o que o professor irá pedir na prova.





14.1 TIPOS DE PROVA



As provas podem ser objetivas ou dissertativas. Provas objetivas. As objetivas não exigem que você escreva. Tudo o que tem a fazer é decidir se determinadas afirmativas são verdadeiras ou falsas, qual das várias afirmativas é verdadeira ou como podem ser combinadas. Esse tipo de prova objetiva enfatiza sua capacidade de reconhecer as respostas certas quando as vê, não a sua aptidão para organizar as informações que recebeu.

Como fazer provas objetivas:

a) Examine. Ao receber a prova, folheie as páginas para ver se é muito longa e quantos tipos de questões há de cada tipo: verdadeiro/falso, múltipla escolha, acasalamento, etc. Em seguida,

b) leia atentamente as instruções; resolva como distribuir o tempo;

c) certifique-se de que entende a atribuição do valor das questões;

d) responda primeiro as questões fáceis. Comece por aquela que você tem certeza de que sabe fazer e depois, se tiver tempo, volte aos que você tem que pensar para solucionar;

e) Coloque as perguntas no contexto. Pergunte a si mesmo como essa questão deve ser respondida à luz do seu livro didático ou do que foi dito em aula. Identifique a fonte, se possível. Não caia na armadilha de responder uma pergunta com a sua opinião pessoal ou com o que foi dito em algum outro curso que esteja fazendo.







15 COMO RESPONDER AS QUESTÕES DE “VERDADEIRO/FALSO”



15. 1 Analise os modificadores. Ex.: todos, quase todos, alguns, poucos, nenhum...sempre, geralmente, às vezes, raramente, nunca... grande, muito grande, muito, pouco... mais igual, menos... bom, mau, é não é, etc.;

15.2 Procure palavras-chave. Há sempre uma delas. É geralmente uma palavra ou um grupo de palavras de que depende a verdade ou a falsidade da afirmativa;







16. COMO RESPONDER QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA



Em geral, porém, apenas uma das alternativas é correta. Aqui sua tarefa é escolher a melhor alternativa – a que está mais próxima da verdade. É geralmente uma questão relativa e não absoluta. Assim sendo, adote uma estratégia de eliminação ao responder a pergunta. Procure pela palavra-chave dar o primeiro passo. Depois de eliminar uma ou duas alternativas completamente falsas, voc6e deverá decidir. Para que isto ocorra a contento, você precisa conhecer alguma coisa do que se está pedindo.



17. PROVAS DISSERTATIVAS.



A prova dissertativa, por outro lado, exige que você recorde. É preciso organizar o que sabe, de forma coerente.



A principal diferença entre os dois tipos de prova é apenas de organização, não de detalhes. As dissertativas são mais difíceis apenas porque exigem que você organize as informações, mas não podem mais que uma boa prova objetiva. Como a organização é indispensável nas provas dissertativas, se você for fazer uma, deve praticar para organizar as respostas com antecedência. As provas objetivas, por sua vez, dão ênfase ao conhecimento, portanto, você deve estar preparado para conhecer os pontos gerais, quando apresentados sob a forma de exemplos específicos.



A prova dissertativa é aquela em que as perguntas são relativamente curtas e o seu trabalho consiste principalmente em escrever e não em ler as perguntas e tentar descobrir as respostas certas. Este tipo de prova varia de um extremo – em que as perguntas têm respostas curtas e exigem que você escreva algo bastante específico – a outro extremo, em que as perguntas lhe pedem para discutir um problema geral. Às vezes as provas são uma combinação desses dois tipos.





18. PALAVRAS IMPORTANTES EM QUESTÕES DISSERTATIVAS



Compare, contraste, critique, defina, descreva, faça um diagrama, discuta, avalie, explique, ilustre, interprete, justifique, enumere, esquematize, prove, relacione, examine, resuma, trace, etc.

O melhor meio de saber se sua resposta está correta, é ser coerente e organizado. Quando estiver certo de que entendeu o que foi pedido numa questão, resolva que pontos deve mencionar e faça um esquema, usando-o como roteiro para escrever a resposta. Escolha as palavras com cuidado. Os professores não são adivinhos. Não conseguem descobrir o que você pretende dizer; podem apenas julgar o que você diz de fato. Procure expressar-se com exatidão. Lembre-se, ainda que a má caligrafia prejudica. Os professores não podem dar notas por aquilo que não conseguem entender. Tenha o cuidado de responder às perguntas num bom português. Pontue adequadamente e escreva com correção. Uma redação má indica pensamento desorganizado e confuso, bem como falta de conhecimento da matéria. Erros ortográficos, sobretudos em palavras importantes ou termos técnicos, sugerem uma leitura e um estudo sem atenção.





19. APRENDENDO COM AS PROVAS



Não pense nas provas só em termos de notas. Na verdade, a maior justificativa para as provas, no processo de aprendizagem, é dar ao aluno uma oportunidade de aprender com elas. Leia novamente a prova com o intuito de corrigir seus métodos de preparar-se para os exames e a fim de certificar-se de que realmente sabe o que deveria Ter escrito. Observe onde cometeu erros e perdeu pontos. Os erros, quando prontamente corrigidos, constituem um importante instrumento de aprendizagem.





20. COMO REDIGIR TRABALHOS NA FACULDADE



A coisa mais importante que um estudante aproveita de toda a educação formal que recebe é a capacidade de ler e escrever de maneira inteligente e organizada. Deste modo, o aluno precisa aprender a expressar idéias e apresentá-las de forma condizente com o seu nível de educação.

Muitos alunos detestam redigir. Para eles o curso de redação é entediante e muitas vezes fazem o mínimo possível. Procuram temas fáceis para redações e escrevem de modo a cometer o mínimo de erros possível.

Ninguém pode ensinar a ninguém a escrever – somente quem se dá ao trabalho de corrigir o que você escreve pode fazê-lo - contudo, existem algumas regras que podem facilitar a sua tarefa de escrever. Talvez, você nunca se torne um escritor profissional, mas pode aprender a escrever em prosa clara, direta e inteligível. Qualquer que seja a sua atividade profissional, depois de formado, sempre haverá ocasiões em que terá de escrever para comunicar alguma coisa a outras pessoas. Saber escrever é a primeira qualificação de uma pessoa de nível superior.





20.1 ETAPAS A CUMPRIR NA REDAÇÃO DE UM TRABALHO



20.1.1 Como escolher o assunto. Em geral, você tem uma certa liberdade para escolher o seu próprio assunto. Se escolher um assunto que seja por demais amplo ou restrito, pessoal ou controvertido, estará dificultando sua própria tarefa. Evite temas demasiado amplos ou difíceis e, também, assunto muito limitado ou um tema em que esteja muito envolvido emocionalmente.

Um meio de encontrar temas é folhear os índices de livros didáticos e especializados sobre o assunto que vai abordar. Escolha um livro didático e verifique quantos tópicos você pode identificar, que possam ser utilizados para um trabalho de fim de semestre.

Os apontamentos de aula podem servir como uma outra fonte de tópicos a serem utilizados. Preste atenção aos assuntos que surgem durante a aula e que possam ser úteis ou interessantes. Esteja atento aos temas que possam Ter relação com a sua área de estudos prioritária.

Você irá descobrir que muitos dos seus professores pedirão trabalhos baseados em sua experiência diária. Quase todos nós escrevemos melhor quando o fazemos sobre coisas que conhecemos e nas quais estamos interessados.

Outros bons temas surgem das relações entre as matérias.

Escolher um tópico que provavelmente interesse ao professor é uma boa regra. Os bons escritores levam em conta o público em potencial. Mais importante ainda é escolher um assunto que lhe interesse pessoalmente, um assunto sobre o qual queira aprender mais e entender melhor.



20.1.2 Reunindo material. Às vezes, você pode ter que fazer poucas leituras e escrever uma composição informal sobre um assunto de interesse pessoal. Quase sempre, entretanto, terá que aprender alguma coisa nova. Neste caso, provavelmente será preciso fazer uso intensivo da biblioteca e tomar notas de pesquisa.

Para começar, você deve fazer algumas leituras básicas. Normalmente, os livros e apostilas de curso contém informações importantes. Se tiver dificuldade, peça ajuda ao professor. Ele poderá ajudá-lo a esclarecer e limitar um tópico e fornecer fontes para leituras básicas. Em muitos casos, essas fontes fornecerão uma bibliografia básica que o levará a um outro material. Em outros casos, você deverá recorrer a resenhas, índices cumulativos, fontes bibliográficas especiais e à internet para compilar uma lista de obras que deve ler.

À medida que consultar suas referências, irá, preparando uma bibliografia a ser utilizada, a qual deverá ser registrada em fichas. Para cada livro ou artigo que consultar, prepare uma ficha com as seguintes informações:

a) Autor (ou autores) do livro ou artigo (também o tradutor, quando for o caso);

b) Título e edição (se não for a primeira) do livro ou título do artigo e nome do jornal ou revista;

c) Local de publicação (para livros);

d) Nome da editora;

e) Data do “copyright”;

f) Número do jornal ou revista (no caso de artigos);

g) Ano;

h) Número das páginas do artigo;

i) Mês do exemplar;

j) Nome do autor; nome do artigo; E-mail e data de acesso (para o caso de artigos tirados da Internet).



Identifique as fichas com códigos: letras, números ou símbolos. Tome notas à medida que ler livros didáticos. As anotações para um trabalho baseado em pesquisa de biblioteca não são como as que você faz, ao ler livros didáticos. As notas de pesquisas não são esquematizadas e sim sob a forma de sumários. A extensão e as minúcias do sumário dependem do tamanho do texto lido, do que o professor sugeriu que você fizesse e do seu objetivo ao fazer leitura. Faça sumários com a suas próprias palavras. Se usar as palavras do autor para alguma coisa, não se esqueça de pôr aspas ou indicar que está citando diretamente da fonte. Não deixe de anotar a página da citação.





21. COMO FAZER UM ESQUEMA



Quando acabar de tomar notas, você deverá fazer um esboço do trabalho. Primeiro leia todas as fichas e arrume-as de acordo com os títulos. Isto lhe dará uma idéia de como organizar seu trabalho. Quando fizer o esboço, arrume os tópicos principais e os secundários numa ordem lógica.

Uma coisa a ser lembrada é que você não pode ter menos que dois subtítulos para cada tópico. Não use títulos em excesso, mesmo para um trabalho longo. Faça um esquema utilizando frases em vez de tópicos, mas não se perca com minúcias. Lembre-se, o esquema tornará o seu trabalho mais organizado e facilitará a redação. Através do esquema, você descobrirá se terá ou não de fazer mais leituras ou dar mais substância a uma determinada seção.







22. FAZENDO O PRIMEIRO RASCUNHO



Alguns trabalhos exigem dois ou mais rascunhos. O importante é você escrever até ao ponto de que as idéias estejam claras e bem coordenadas. Para escrever, reserve um bom período de tempo, durante o qual possa trabalhar sem ser interrompido. Redigir um trabalho extenso de uma só vez é tarefa difícil, mas se o trabalho for curto, é possível fazê-lo – e é uma boa idéia. Para um primeiro rascunho não se preocupe em fazer tudo muito certo. Depois de lançar suas idéias no papel, você poderá corrigi-las facilmente.

Deixe bastante espaço para correções e alterações. Naturalmente seu rascunho final terá espaço duplo, mas faça o primeiro dessa mesma maneira. Se escrever à mão, faça-o em linhas alternadas.

Quando completar o primeiro rascunho, releia-o uma vez para fazer as alterações mais óbvias. Em seguida, deixe-o de lado por algum tempo. Quando programar a redação, preveja o intervalo mais longo que puder entre o primeiro rascunho e a revisão. Você terá assim uma nova perspectiva e será mais fácil descobrir erros e lapsos de gramática e de redação.





23. RASCUNHO FINAL



Antes de preparar a versão final, verifique se não há nenhum erro. Tenha sempre às mãos manuais da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), visto que são muitos os detalhes que deverão ser observados.

O professor orientador, certamente, fará algumas anotações e comentários antes de encaminhar o trabalho para a nota final. Leia-os com atenção, pois poderá aprender sempre alguma coisa e, além do mais, não cometer mais os mesmos erros.



24. REDAÇÕES



24.1 Meios auxiliares para a redação.



Ter à mesa obras prontas para consultas. No mínimo, um bom dicionário e um manual de estilo. O dicionário deve ser atualizado e completo. Você deve criar o hábito de consultá-lo – conferir grafia e procurar definições. Quanto aos manuais, eles são úteis porque trazem as regras da gramática, o uso da língua e pontuação.



24.2 Como desenvolver a redação.



Aprenda a escrever prosa informativa de maneira clara, simples e exata. As frases dever ser escritas com clareza e bem ordenadas em parágrafos (habitue-se a pensar em frases claras e bem feitas). Depois de escritas, as frases devem ser revistas com atenção e espírito critico. Corrija as falhas e, sempre que possível, simplifique a sua maneira de expressar-se. Observe os erros mais comuns na construção de frases;



24.3 Frases fragmentadas.



Às vezes, têm sujeito e verbo, mas podem ser incompletas por ser formuladas como orações subordinadas. Bons escritores sabem usar os fragmentos de frases de modo eficiente, mas na medida do possível isso deve ser evitado.









24.4 Frases longas.



Cuidar especialmente com a pontuação. É preferível converter frases longas em períodos compostos, tornando subordinada uma das orações.



24.5 Falta de concordância entre sujeito e verbo.



Ex.: “O pessoal foi” e não “o pessoal foram”.



24.6 Falta de concordância entre pronome e antecedente.



“Cada pessoa da equipe fez o que lhes foi pedido.



24.7 Modificadores deslocados.



Para corrigir esses erros, começa-se por evitar a voz passiva sempre que possível e variando os tipos de frases que se escreve, eliminando construções prolixas e deselegantes.



25. COMO ESTUDAR UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA



Para início de conversa, é preciso praticar diariamente. Procure identificar onde você encontra mais dificuldade, se no falar, escrever ou ouvir.



25.1 Veja algumas regras:



A) Mantenha a matéria em dia. É indispensável que se participe freqüentemente das classes e que se faça os exercícios. Lembrar-se de que aprender um outro idioma é um processo cumulativo. É importante

conhecer os significados das palavras antes de tentar reuni-las em frases. Precisa saber como pronunciar os sons e identificá-los com exatidão, antes de poder conversar com um falante nativo. Deve conhecer a ordem das palavras para entender as frases mais complexas. Tem que saber conjugar os verbos e declinar substantivos e adjetivos. Contudo, deve começar pelas coisas mais simples e ir avançando para as mais complicadas.



b) Passe bastante tempo repetindo. A repetição em voz alta é a técnica básica para aprender outra língua. Deve-se repetir pelo menos 80% do tempo de estudo. Três habilidades são necessárias na aprendizagem de um idioma estrangeiro: aprender a ler, entender o que ouve e aprender a falar.



c) Domine a gramática. É preciso aprender a estrutura de uma língua. O conhecimento de regras é que permite a construção de frases próprias e também a compreensão do que os outros dizem. É fundamental o domínio da gramática da língua mãe. Todas as línguas são cheias de irregularidades, exceções a regras gerais e regras contrárias, que se aplicam apenas a poucas palavras. Estas regras têm de ser decoradas. A gramática é o principal instrumento de que se pode dispor para dominar uma língua;



d) Aprender a pensar na outra língua. Pensar em outro idioma significa não só que você é fluente nele, mas também que não precisa traduzir. Desde o início do estudo é preciso aprender a associar as palavras estrangeiras não com vocábulos equivalentes no vernáculo, mas diretamente com os objetos, fatos e qualidades que elas designam.



e) Aprender a ler na língua estrangeira. Siga as seguintes sugestões: a) estude por meio de frases e períodos. Procure perceber o sentido das partes principais da frase como um todo, antes de procurar palavras específicas que não conhece. E quando procurar no dicionário uma palavra nova, deve levar em conta a relação dessa palavra com o padrão da frase como um todo. É importante memorizar os elementos básicos do vocabulário, como pronomes relativos ou verbos irregulares alem disso, é preciso aprender os verbos auxiliares, as preposições entre outros elementos.



f) Procurando palavras no dicionário: o que se deve e o que não se deve fazer. Consultar um dicionário é apenas um meio de aprender um significado de uma palavra e é não só demorado como , as vezes ineficiente porque isola o sentido do contexto em que a palavra é usada. É importante conhecer as palavras através do seu contexto. Ler a frase toda antes de procurar o significado de uma palavra no dicionário.



g) Dissecando as palavras: as línguas podem ser agrupadas de diversas maneiras : tem radicais, sufixos e prefixos, assim, poder-se-a muitas vezes decifrar uma palavra que nunca foi vista antes, dividindo-a em seus elementos constitutivos.



h) O uso de cognatos: é preciso prestar atenção, pois os cognatos podem enganar. Não se pode confiar cegamente nas semelhanças entre os vocábulos e os do português.



h) Utilize fichas.



i) As traduções justapostas: este tipo de material deve ser evitado. Procure um texto cuja a tradução esteja na outra página.









26. APRENDENDO A FALAR UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA.





Procure pessoas que falam a língua estrangeira que você deseja aprender e peça para conversarem com você. Ler jornais e revista na língua em questão. Assista filmes e tente acompanhar os diálogos sem recorrer às legendas.

A) Imitação: ousa fitas ou CDs gravados por falantes nativos, grave sua própria fala e corrija os erros que possa perceber por si mesmo.

B) Memorização: concentre-se em lembrar palavras e frases.

C) Estude em voz alta: leia em voz alta sempre que possível.

D) Distribua bem o estudo: divida cada tarefa em duas partes e aprenda cada uma separadamente. Reserve tempo para ler e rever.



A VIOLÊNCIA





Raras vezes nos detemos para analisar a nossa vida e o ambiente que nos rodeia. Mesmo quando nos vemos frente a frente com a realidade crua do mundo em que vivemos, se torna difícil refletirmos sobre as implicações que ela tem em nossa existência. Reagimos emotivamente, mas quando os nossos sentimentos se aclamam, tudo cai no esquecimento.

Assim sucede com a violência. Podemos dizer que já nos acostumamos a viver neste mundo violento. Diariamente os noticiários nos lembram de como se tornou violenta a nossa sociedade. Nada escapa da fúria deste mal aterrador. Mas, alguma vez paramos para nos examinar a nós mesmos? Temos nos perguntado se, porventura, não contribuímos, de alguma forma, com a injustiça, o egoísmo e o ódio, que conduzem para as ações violentas?



Talvez, o problema seja que todos já nos tenhamos tornado insensíveis diante da constante presença das repugnantes imagens e dos detalhes sangrentos, produto de tantas espécies diferentes de violência. E, por incrível que pareça, a violência, apesar de ser tão repulsiva, atrai e capta a nossa atenção. Pois são as notícias mais cruas e explícitas as que mais aumentam a venda dos jornais; os filmes mais submetidos à censura são os que dão mais bilheteria; as revistas pornográficas são as mais solicitadas; e os programas de grande ação e suspense têm o maior número de telespectadores. Dissemos que estamos fartos da violência; mas, evidentemente, dia após dia continuamos vendo que o nosso mundo dolorido segue sofrendo, devido aos estragos produzidos pelo trágico cenário de violência de nossa realidade humana.



Este material quer ajudá-lo também a refletir e meditar sobre a sua própria vida e a de seu lar. Talvez, você encontrará coisas que não lhe agradem e, por outro lado, pontos que o animem a seguir em frente. Não se esqueça que Deus quer que sejamos instrumento de seu perdão, de sua paz e seu amor, para que juntos possamos dar a nossa contribuição para termos matrimônios mais harmoniosos, lares mais felizes, comunidades mais juntas, enfim, um mundo mais pacífico.





2. O QUE É A VIOLÊNCIA?



APESAR DE TODAS AS impressionantes conquistas da ciência, continuamos tendo sérios problemas sociais. Mesmo que tenhamos feito tremendos progressos em áreas como medicina e das comunicações, parece que, em vez de experimentarmos uma melhora em nossas condições de vida, cada dia sofremos mais solidão, mais indiferença de uns para com os outros e um tratamento mais frio e desumano. Em vez de vermos exaltadas as virtudes do ser humano, vemos os defeitos que se aninham em seu coração. Poderá até mesmo ser que a violência não tenha aumentado tanto, mas, certamente, tem adquirido formas das mais sofisticadas e, por conseguinte, mais cruéis.

Diante de tal realidade, sociólogos assinalam que são as condições externas as que mais afetam o comportamento violento das pessoas, influenciando-as maleficamente. Estes fatores são a superpopulação, o crescimento tão acelerado e anormal dos grandes centros urbanos, a situação econômica precária e a dívida externa de cada país, e, entre muitas outras coisas, o fato de que, a nível mundial, a sociedade está atravessando uma profunda crise. O eficiente e sempre constante bombardeios de informações, através dos maios de comunicação, faz com que todos estes efeitos sejam sentidos até mesmo nos recantos mais remotos do mundo.

Muitos especialistas em ciências indicam a fonte do mal na desintegração da família. E outros dizem que é o efeito de problemas como AIDS, o câncer e a ameaça de uma guerra nuclear, o tráfico de drogas e a corrupção reinante em todos os níveis da sociedade que caem como um peso enorme sobre a pessoa que, ao sentir-se indefesa e incapaz de mudar esta realidade, opta por ser agressiva e adota a filosofia “SALVE-SE QUEM PUDER”.

Freud dizia que a violência é uma necessidade gerada por fatores bioquímicos do corpo e que deve ser liberada de alguma forma.

Outros investigadores têm descoberto que as frustrações da vida, produto da realidade que nos cerca, podem gerar a agressividade.

Ao analisar a conduta humana, muitos estudiosos chegaram à conclusão de observar que a sociedade moderna cria um grande número de pessoas frustradas, descontentes, irritadas e solitárias. Neste clima, basta uma “faísca” mínima para que expluda a agressividade latente nos ânimos das pessoas.

Os estudiosos do assunto dizem que isto explica porque existem pessoas que, geralmente, tranqüilas e pacíficas, por vezes se entregam a atos graves de violência contra pessoas e coisas, de um modo totalmente desproporcionado às causas originais.





O escritor Bartolomé define a violência, independente de suas causas, como o uso injusto da força, de forma física, psicológica, e econômica e/ou moral, como a finalidade de privar uma pessoa de um bem a que tem direito. Esta situação também acontece quando alguém pretende impedir uma opção livre a que todos os homens têm direito, ou a obrigá-los a fazer o que é contrário a sua livre vontade, a seus ideais, a seus interesses, ou a algo que, inclusive, atente contra a sua própria vida. Segundo esta definição, não se pode chamar de violência a qualquer uso de força, mas tão somente a um uso injusto da mesma, que prejudique algum direito do próximo. Para que haja violência, se requerem dois fatores: um deles é o abuso e excesso da força e o outro a violação de um direito.



Mas, por que sucede isto? O historiador espanhol Claudio Sánchez albornoz o explica da seguinte forma: “A violência é uma conseqüência da perda da fé da criatura humana em Deus. A vida foi secularizada, Deus foi atirado pela janela, e não existe nenhuma possibilidade moral perante um poder supremo”.

O apóstolo Tiago explicou a violência da seguinte maneira: “De onde vêm as lutas e as brigas entre vocês? Vêm dos maus desejos que estão sempre lutando dentro de vocês. Vocês querem muitas coisas; mas, como não podem tê-las, estão prontos até a matar para consegui-las. Vocês cobiçam, mas, como não podem conseguir o que querem, brigam e lutam. Não conseguem o que querem porqure não pedem a Deus. E, quando pedem, não recebem porque pedem mal. Vocês pedem coisas para usá-las para os seus próprios prazeres” (Tg 4.1-3).



E o que opina você?

Quem tem razão?

A quê se deve a violência?



VIOLÊNCIA – UM PROBLEMA EXISTENCIAL



A violência é um problema existencial. Não há dúvida de que hoje em dia existem muitos fatores externos que trazem à tona os nossos defeitos, mas em nenhum momento podemos lavar as nossas mãos e lançar a culpa sobre esses fatores. O caráter violento da humanidade permanecerá igual enquanto existir o ser humano sobre a face da terra.

O nosso orgulho nos cega e nos torna insensíveis diante das necessidades e dos sentimentos de nosso próximo. A nossa ira muitas vezes nos faz perder as estribeiras e nos leva a dizer e a fazer coisas das quais mais tarde nos arrependemos. Mas então já é tarde demais.



COMO CRIAR UM AMBIENTE NÃO VIOLENTO





É fácil analisar e criticar o que fazem as outras pessoas, mas é mais importante nos vermos a nós mesmos e mudar a nossa própria conduta.



I. A MINHA VIDA INTERIOR



A vida interior é um mundo freqüentemente desconhecido por nós mesmos. É ali que se encontram os nossos mais profundos sentimentos e onde residem as nossas maiores dúvidas. Ali nascem e se arraigam as nossas convicções e as nossas crenças. É, sem dúvida, uma dimensão fundamental de nosso ser. Todavia, talvez a temos descuidado por não sabermos tratar dela, porque a vida interior também tem os seus mistérios. Mas, ela é nossa e devemos tomar a resolução de conhecê-la melhor.



1. dedico tempo suficiente para refletir sobre mim mesmo?

2. Estou em paz comigo mesmo?

3. Sei perdoar-me a mim mesmo?

4. Converso livremente com Deus em oração?

5. Cultivo constantemente fé em Deus?

6. Tenho experimentado alguma vez profundamente o que é o verdadeiro amor?

7. Alcançarei realmente as metas que tenho traçado para a minha vida?

8. Sou pacífico e promovo a paz entre os outros?





Uma pessoa que vive na plena certeza DA PAZ COM Deus por intermédio de Jesus Cristo, é também um grande semeador de paz. A vida interior é nutrida por esta esperança e paz com Deus, pela oração e prática de tudo que é bom e agradável. No mais, quando isto sucede de forma constante, existe também o desejo genuíno de compartilhar tudo com as demais pessoas. Ninguém pode acumular no seu íntimo, de modo egoísta, a paz interna, mas deve sempre estar disposto a mostrá-la a todos, para que outros também possam desfrutar dela.

II. MATRIMÔNIO



Uma das formas da vida humana que mais sofre as conseqüências dos problemas cotidianos é o matrimônio. Muitos casais pensavam encontrar a paz, e encontraram conflitos; acreditavam que eram felizes, e encontraram a infelicidade. Alguns crêm que a felicidade no matrimônio é algo automático, e que, em todo o caso, o amor que uniu o casal durará para sempre. Esquecem que a paz conjugal é um fruto, um resultado de esforços mútuos; e talvez nem saibam que a vida de casados é uma verdadeira arte, que deve ser cultivada com o auxílio de Deus. Esta vida matrimonial requer, como todas as artes, muita inspiração e técnica.

Os cônjuges devem aprender a ser verdadeiros artífices com o seu amor recíproco. Para chegar-se a Ter um matrimônio estável, dentro do qual realmente se resolvem os problemas, é necessário um compromisso mútuo de paciência, boa comunicação, fidelidade e a capacidade de saber perdoar. Isto somente é possível quando Deus faz parte integrante do casal, concedendo-lhe a sua presença, o seu amor, a sua paz e o seu entendimento. O casal que compreende e exerce esta classe de relacionamento, terá a paz em seu lar. Por isso, se você é casado, é importante que voc6e reflita, como pertencente a um matrimônio, sobre as seguintes perguntas:

1. que imagem tenho eu do meu cônjuge?

2. O que sucede quando temos uma contenda doméstica?

3. Quando existe uma discórdia, o que faço para resolvê-la?

4. O que nos mantém unidos?

5. O que é o mais importante para o nosso matrimônio?

6. Como é a nossa vida íntima? Nos sentimos plenamente realizados?

7. Como é a nossa comunicação mútua, como casal?





III. A PAZ NO MEU LAR



O nosso lar é um prolongamento de nós mesmos. Todos temos direito de Ter paz, especialmente no lar, que pode ser um refúgio em meio a um mundo hostil. Mas o nosso lar pode reproduzir, em escala menor, os grandes êxitos e as grandes tragédias do mundo. Podemos encontrar ditaduras ou democracias, progresso ou subdesenvolvimento, guerra fria ou declarada, violência ou uma existência harmoniosa.

Na verdade, cada lar é um pequeno mundo complexo que tem a sua forma particular de enfrentar a vida. Ali gracejamos e também sofremos; ali gozamos a vida e às vezes também nos menospreciamos; ali existe esforço, mas também o desânimo, e pode reinar o rancor, bem como o perdão; ali crescemos e ali morremos. Mas, a diferença entre o mundo e o nosso lar é que não podemos culpar o presidente ou os governantes do que sucede ou não sucede, porque dentro das quatro paredes de nosso lar somos todos cúmplices e responsáveis pelo ambiente que impera.

Se quisermos que haja mais paz em nosso mundo, e menos violência, por que não começar em nossa própria casa?





IV. PAIS E FILHOS



A obediência e o respeito, baseados no amor, são os fatores fundamentais para as boas relações entre pais e filhos, para que o tratamento se desenvolva num clima de paz e compreensão.



Para vocês, filhos:

1. o que eu pediria de todo o coração aos meus pais?

Que possibilidades tenho de tornar felizes os meus pais?